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Meia Dúzia de Palavras

Meia Dúzia de Palavras

Uma espécie de mundo em que elas resistem

Elas têm a capacidade de te dar o Céu e aquilo que existe para lá disso. Dão-te tudo da mesma forma que to tiram. Tu amas-as e adora-as mesmo sem as conheceres, basta eu te dizer como se chamam. Sim, são elas, aquelas que te enchem o coração de sentimentos que tu nem sabias que existiam. São emoções, momentos capturados por uma filmagem, palavras, sorrisos e choros, sim, não te iludas, são muitos choros. Compensam? Talvez sim, possivelmente não… quem pode ter a certeza? Tu tens? Parabéns. Eu não, não tenho a certeza de nada, até porque nem idade tenho para certezas, é o que me dizem aqueles que se enchem delas.

Enfim, voltemos aquilo que tu achas que é perfeito. Elas. Estás num banco de jardim e vês uma delas a passar. Sorris e nem sabes porquê. Vês uma fotografia de uma delas ou até de duas, não as conheces e elas não te podem ver. Mas sorris, até prolongas o sorriso porque afinal são duas. Quando elas são tuas és capaz de ficar horas e horas a olhar para elas, mas quando são elas a querer olhar para ti não tens paciência, achas uma intromissão na tua privacidade. Pois é, às vezes esquecemo-nos de que só nós é que temos privacidade, elas não. Gostas de falar com elas não gostas? Mas falas realmente? Ouves o que elas te dizem ou ouves-te a ti? Ris-te do que elas dizem porque são tão engraçadas, mas já pensaste que nem tudo o que elas dizem é hilariante. Sei que nós e elas não falamos a mesma língua, não… a delas é muito mais perfeita, sem hipocrisias ou falsas modéstias, mas faz um esforço, tenta acompanhá-las. Faz o que tantos gostam de dizer e “baixa-te ao nível delas” ou se preferires “tenta acompanhá-las”.

Ainda dizes que são perfeitas e ages como se fossem menos do que tu? Então senta-te com elas e pergunta-lhes o que acham do mundo, mas tens que estar preparado para as respostas que te dão. Como é que se está preparado perguntas-me tu… como te disse não tenho idade para certezas, mas acho que basta não te rires. Não te rires por não ser uma explicação científica ou politica, não te rires por ela falar de uma forma engraçada (e acredita, eu sei que é difícil resistir), não te rires porque ela acertou em cheio naquilo que tu pensas e não consegues dizer. E prepara-te, porque vai chegar a altura em que vão ser elas a procurar-te, aliás elas nunca o deixarão de fazer, mesmo quando se tornarem um de nós. É um trabalho que nunca acaba, uma profissão sem curso, um diploma de coração.

Quem são elas? As crianças. As tuas, as do mundo, aquelas tais que passam de mão dada com os pais e para as quais sorris, aquelas que sorriem quando o teu sorriso foi o primeiro que conheceram e não te esqueças, são aquelas que dizes que são perfeitas e tratas de uma forma estupidamente imperfeita.